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Nova realidade e adaptações do comércio e atividades noturnas diante da Pandemia

Com horário de atendimento alterado e medidas restritivas, artistas, bares e restaurantes enfrentam dificuldades

Tchaylen de Souza Editado em 10/07/2020

Nova realidade e adaptações do comércio e atividades noturnas diante da Pandemia

Chopp in House, aberto somente para tele-entrega e retirada no local(Foto: Tchaylen de Souza/ESBC)

Em muitas cidades, a pandemia do novo Coronavírus causou o fechamento total ou parcial do comércio e afetou diretamente pequenos e médios comerciantes. Além de demissão de funcionários, houve também alteração do horário de funcionamento e, em alguns casos, o encerramento das atividades. No comércio do ramo de bebidas, alimentos e com música ao vivo como bares e restaurantes, as adaptações tiveram de ser necessárias para continuar trabalhando. Em São Borja, o horário de funcionamento permitido vai até às 23h, com restrições ao modo habitual das casas. Caso ultrapasse o horário, pode acarretar em suspensão do alvará por 15 dias e multa para quem não cumprir o decreto. 

Devido às restrições dos locais que oferecem música ao vivo, a situação de artistas que mantém a música como renda principal, também ficou difícil, sem uma perspectiva positiva tão cedo. Um dos problemas enfrentados pelos locais com música ao vivo e pelos músicos, foi a redução de público, medida necessária para evitar aglomerações e propagação do vírus, pois o pagamento do cachê dos músicos geralmente é pela quantidade de “couverts” ou ingressos da noite. Dessa forma, estabelecimentos que trabalhavam com apresentações musicais tiveram de suspender um de seus principais atrativos do público. Alguns músicos da cidade e um estabelecimento que costumava lotar com apresentações ao vivo relataram a situação, dificuldades financeiras e adaptações à realidade atual.

O estudante e músico William André, conhecido no cenário musical das noites de Itaqui e São Borja, toca desde os 16 anos com banda e amigos, mas a partir de 2015, optou pela carreira solo, levando a música mais a sério, seguindo um repertório variado de Pop/Rock Desde 2017, começou a tocar nos bares de São Borja, tendo a atividade como renda principal. Porém, tem sentido os efeitos negativos da pandemia no orçamento, recorrendo à ajuda dos familiares e também do auxílio emergencial do governo nos últimos meses, mas afirma que mesmo assim, a situação é bastante complicada. 

“O jeito foi tentar flexibilizar o aluguel com os locatários, por exemplo. Quem vive só de música, está na pior”, afirma. William comentou que muitos músicos estão vendendo os equipamentos por um preço extremamente baixo para poder pagar as contas. Mesmo não tendo uma perspectiva de melhora no cenário para os próximos meses e, apesar da dificuldade, o músico pensa positivo: “No meu caso, ainda é tranquilo, pois não tenho filhos ou quem sustentar além de mim. Mas para vários músicos da cidade, tem uma casa toda que dependiam do trabalho deles todo fim de semana.” Para ocupar o tempo vago e também não deixar de praticar, William usa as redes sociais para seguir em contato com os fãs e amigos através de sua música. Outro músico que também passa pelas dificuldades de trabalho na pandemia é Rafael Mollmann. Atuante na música há 15 anos, a atividade se tornou profissão desde 2016. Mollman estuda Licenciatura em Música na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e também trabalha com educação musical infantil. Com a universidade e escolas paradas, assim como as apresentações na noite, o músico voltou para São Borja e tem se sustentado com ajuda dos familiares e do auxílio emergencial. 

“Estou parado desde março, e como sou autônomo, só recebo se trabalhar, então não tenho muito o que fazer. Outro trabalho já era difícil em tempos normais, imagina agora”, lamenta. Porém, apesar da dificuldade financeira, o artista aponta que a situação está difícil para todos. Mollman já cogitou colocar algum instrumento à venda para poder dar conta dos encargos mensais e se virar por mais um período. 

“Eu chegava a fazer de cinco a seis apresentações mensais, mas o cenário já vinha difícil há alguns meses, chegando a apenas uma por final de semana. Com o vírus só piorou e não sabemos quando vai normalizar. Ainda não precisei vender nada, mas confesso que já penso”, conclui.  

Representando a música nativista, está o artista Kátio Medeiros, com 15 anos de carreira no currículo e trabalhos com João Luiz Corrêa. Chegou a tocar de 25 a 30 shows por mês, passando meses fora de casa, em viagens pelo Brasil, Uruguai, Argentina e Paraguai. Na época de ouro, como afirma, residia em Porto Alegre, devido a maiores contatos e oportunidades de fechar shows. Atualmente, reside em São Borja, onde tocava com seu próprio grupo, “Kátio Medeiros e Grupo Gaita Gaúcha”. Com toda a estrutura e equipamentos parados devido a suspensão dos bailes, Medeiros segue trabalhando como proprietário do açougue “Côza Gaúcha”. 

“Tenho ônibus, som, iluminação e estruturas metálicas que, infelizmente, tivemos que abandonar por causa da pandemia. Mas com ajuda de Deus montei um açougue, o Côza Gaúcha  e continuo trabalhando, já que na parte da música está tudo parado”, comenta. 

 

Estabelecimentos seguem restrições

Se tratando dos estabelecimentos noturnos, um exemplo que passa por dificuldades é o Chopp in House, em São Borja. A casa teve de se readaptar às medidas sanitárias para poder funcionar desde que a pandemia se espalhou. Há 3 anos atuando na cidade, a choperia já trabalhava com reservas, devido à grande quantidade de público que procurava o local para prestigiar os artistas locais com os amigos. Em março, a casa ficou fechada por 15 dias, o que gerou uma grande baixa nas vendas. Após algumas liberações, retornaram a abrir para o público, mas nada comparado ao número de atendimentos em tempos normais. O gerente da filial de São Borja, Irio Wesner Balbueno Júnior, comentou que umas das dificuldades é fazer com que todos os protocolos de atendimento sejam atendidos, principalmente pelo público. 

“O recomendado era no máximo quatro pessoas por mesa, aí o pessoal quer juntar mais, de ter até 9 pessoas. A partir do segundo dia, a gente acabou cortando, mas corta o coração. Pessoal que vem o ano inteiro, aí tu não ter como atender”, lamenta.
Irio comenta que, após o decreto municipal e toque de recolher, a casa optou por não receber o público no estabelecimento. Recentemente, o Ministério Público e a Fiscalização avaliaram a possibilidade de poder receber de 5 a 7 pessoas para consumo no local. 

“A partir dessa constatação das autoridades, resolvemos suspender o atendimento aqui na loja, para consumo e permanecimento aqui. Resolvemos ficar somente com as tele-entregas de produtos e retiradas. Com isso, tive que suspender também os cinco funcionários que trabalhavam conosco”, afirma. A retirada de produtos no local teve um aumento considerável e se tornou uma das atividades mais procuradas pela maioria do público, que têm buscado o consumo em casa. Como já haviam optado por não atender o público no local, a mudança da bandeira em São Borja apenas reitera o atendimento como a casa tem feito. Em 2020, a choperia está com planejamento para mudar de endereço, em um espaço mais amplo e com capacidade de receber até 160 pessoas, possibilitando receber o público permitido com responsabilidade, mediante as recomendações de saúde e tomando todas as precauções. 

“A mudança era prevista para o final de 2019, pois decidimos mudar de endereço justamente para poder atender melhor, com mais espaço para os clientes. No novo endereço, poderemos atender com maior segurança. Agora com toda a situação da pandemia, estamos vendo a inauguração para o segundo semestre, o quanto antes”, conclui. O Chopp in House está atendendo pedidos de tele-entrega e retiradas de produtos de terça à sábado, das 16h às 23h. 

 

Retorno do público aos estabelecimentos diverge opiniões 

Apesar de ser esperado o retorno das pessoas à esses estabelecimentos no pós-pandemia, segundo um estudo da '4Life', para 44% das pessoas é muito pouco provável o retorno imediato a esses locais em um momento pós flexibilização do isolamento social. A pesquisa entrevistou 1.206 pessoas pela plataforma SurveyMonkey, entre os dias 10 e 14 de junho de 2020. O estudo revela que apenas 19% dos respondentes voltariam a frequentar bares e restaurantes em breve, 16% consideram esta volta em um curto prazo provável e 21% razoavelmente provável. Os motivos pelos quais a maioria das pessoas não se sentiria confortável em retornar a esses locais são: insegurança com higiene, distanciamento entre mesas e contato com manobristas. Já entre as razões que fariam as pessoas voltarem a frequentar esses comércios estão: saber todas as medidas de prevenção adotadas pelo estabelecimento (78%) e mesas ao ar livre (50%). A pesquisa ainda indica que 62% das pessoas consideram a distância entre as mesas extremamente importante ao decidir visitar um restaurante. Além disso, o estudo aponta que 63% dos entrevistados acreditam que o principal motivo para pedir delivery está relacionado à escolha do restaurante favorito e 58% às embalagens higiênicas e diferenciadas. 


 

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