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Começam as reformas do Centro de Comércio Popular

Rafael Vigna Postado dia 30/04/2019

Começam as reformas do Centro de Comércio Popular

Por Carolina Rodrigues

Reportagem da edição impresssa do Jornal Folha de São Borja deste sábado dia 27 de Abril

 

Você conhece o camelódromo da cidade? Já fez compras por lá alguma vez?

Aberto através de uma determinação legal imposta pelo Ministério Público em 2012, o Centro de Comércio Popular já passou por épocas melhores. O contrato que duraria até o ano que vem foi rescindido pela prefeitura no dia 22 de março.

Antes do Centro de Comércio, os camelôs trabalhavam nas ruas da cidade. Em cada esquina havia uma tenda ou um carro vendendo produtos. Um dos comerciantes que ainda permanece no camelódromo, Luís Fernando, vendia seus produtos em frente ao Banco do Brasil. Ao receber a determinação, juntou os seus produtos e, acompanhado por mais de dez pessoas, se reestabeleceu no Centro de Comércio Popular.

A ação se repetiu anos mais tarde, dessa vez em relação aos camelôs estrangeiros. A pedido do comércio local, a Secretaria do Planejamento e da Fazenda junto ao departamento de assuntos econômicos realizou uma reunião e estabeleceu um prazo limite para que cada um encontrasse um lugar para se instalar. A maioria conseguiu alugar salas pelo centro, dando continuidade ao seu comércio com recursos próprios – diferente do camelódromo, antes custeado pelo munícipio.

Custos que, segundo o chefe de gabinete, Reinaldo Menezes Garcia, a prefeitura não tinha a obrigação de pagar. “Não tem lei que obrigue o município a alugar um prédio para que esses vendedores se instalem”. O dinheiro gasto mensalmente, quase 5 mil reais de aluguel, podiam ser convertidos em recursos em favor do município, como iluminação pública, cestas básicas ou medicamentos. “Temos a obrigação com a assistência social, saúde, educação, infraestrutura urbana, que é o que comunidade precisa”.

Após o cancelamento do contrato, a administração do espaço volta para as mãos dos donos do local. Quatro irmãos são responsáveis, mas quem está se dedicando a reorganização do Centro são o advogado Rafael Pereira e seu irmão, Rodrigo Pereira. De acordo com Rafael, o Centro já foi devolvido conforme a notificação recebida dia 22 do último mês. De acordo com Reinaldo Menezes Garcia, todas as multas já foram pagas e não há mais nenhuma questão contratual sobre a prefeitura em aberto.

No comando do espaço, os irmãos Rafael e Rodrigo Pereira tem a pretensão de reformular todo o Centro, notícia que traz animação para os dois únicos vendedores que permanecem no camelódromo até hoje, João Carlos e Luís Fernando. Os dois ocupam as bancas mais próximas a entrada. Nos fundos há boxes abandonados e um pátio vazio.

Luís Fernando, que trabalha no Centro de Comércio desde a inauguração, acompanhou a deterioração do espaço. Pouco a pouco, viu seus companheiros abandonando seus comércios. “Foram arranjando serviços melhores”, é o que conta, apontando para cada um dos boxes e justificando a saída de cada um. “Ali onde era uma lancheria, a mulher está trabalhando numa creche. A outra ali teve que fechar porque começou a trabalhar fora. O que estava no terceiro ou quarto box fechou tudo e foi embora”.

Para ele, um dos motivos do abandono dos parceiros foi a pouca visibilidade que o Centro de Comércio recebe devido a sua localização. “Há algum tempo tinham 10 bancas, mas nunca tivemos grande movimento, sempre foi fraco. A pessoa não tinha venda, desgostava e fechava”. Além disso, em mandatos antigos havia mais divulgação sobre o Centro. Hoje, quase ninguém lembra que existe um Centro Comercial uma quadra após a praça XV. Quando Luís trabalhava na rua, por exemplo, ganhava cerca de R$600 por dia. No camelódromo hoje, ele vende, por dia, até R$80.

Houve uma época em que surgiram rumores sobre a instalação do Centro Comercial na Praça XV. Oficialmente, nenhum projeto passou pela Câmara. “No centro da cidade, inclusive, na época em que o projeto foi idealizado, houveram posições contrárias, não só do poder público, mas de instituições que acharam que a praça da cidade não seria o lugar adequado para a implantação de um camelódromo”, Reinaldo explica.

Com o projeto de manutenção no prédio, tanto o vendedor Luís Fernando quanto o responsável pela reforma, Rafael Pereira, têm boas expectativas. Segundo Rafael, o local irá passar por uma reforma e regularização. “Em princípio, nós vamos arrumar a estrutura, para então, disponibilizar os boxes para quem quiser alugar. Essa é a nossa pretensão”. Quando o camelódromo estiver com a estrutura pronta, os boxes serão liberados para aluguel.

Luís e João Carlos já manifestaram interesse em permanecer no Centro de Comércio, mesmo se tiverem que pagar. Para Luís, quanto mais pessoas forem trabalhar com eles, melhor. “Se os donos forem informando a população, mais gente vem trabalhar. Já tem uns quantos querendo vir. Se eles reformarem, deixar bonito, o pessoal fica curioso e vem comprar”.

No ano passado, Luís enfrentou problemas de saúde e precisou se ausentar do Centro por um tempo. Sua mulher vendeu muitas mercadorias para custear os gastos do seu tratamento e pediu para que quando ele estivesse de volta, fechasse a “Banca da Mana e Fernando”. Mas ele não quer desistir de jeito nenhum. “Eu disse que não iria fechar, que ia ficar com meus DVDs aqui. Então juntei alguns óculos e estou vendendo. Estou teimando”. Há pouco mais de um mês de volta, ele já tem ideias sobre seu próximo negócio, em parceria com a esposa.

Após tantos anos de trabalho, Luís Fernando e João Carlos criaram laços com o Centro de Comércio Popular. Ambos acreditam que com as reformas, um futuro próspero os aguarda.

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