Rafael Vigna Postado dia 15/07/2019
Por Luthero do Carmo e Rafael Vigna
Notícia da Edição Impressa da Folha de São Borja de Sábado, dia 6 de julho de 2019
A série de entrevistas do Programa Atualidades com os vereadores de São Borja, recebeu a sua 12ª convidada, na manhã de segunda-feira, dia 01 de julho. Parlamentar de primeiro mandato, Sandra Marques é filiada ao Progressistas. Ligada ao setor da Saúde, ela pertence à base do governo na Câmara. Em 2016, recebeu 787 votos, ou o equivalente a 2,5% do eleitorado sãoborjense. Confira.
Folha de São Borja - A senhora tem uma ligação com a área da saúde e chegou a trabalhar no ESF4, no bairro Itacherê. A reforma deste posto de saúde era uma de suas grandes bandeiras na tribuna. As obras começaram na semana passada. Qual a importância daquele posto de saúde na sua avaliação?
Sandra Marques - Sim. Eu trabalhei no laboratório de coleta de exames, terceirizado deste posto. Trabalhei por 2 anos, à convite do doutor Renan Bauer. Todos os ESFs são importantes, só que ali abrange o Bairro Itacherê e a Vila Leonel Brizola. A gente vê as dificuldades das pessoas que precisam se deslocarem a até a vila Leonel Brizola para retirar as fichas de consulta. Quando eu trabalhei lá, já chovia mais dentro do que fora. Levei alguns choques por causa dos problemas de fiação e há casos de pacientes que também levaram choques. Aquele lugar estava muito perigoso, com alto risco. Quando ganhamos as eleições, essa foi a minha primeira solicitação ao prefeito Eduardo Bonotto, porque havia gente correndo risco de vida lá, por isso, foi interditado. É uma bandeira que sempre cobro sobre a prioridade para os ESFs estarem sempre funcionando. Isso é um direito do cidadão e sabemos da importância de prestar um bom serviço de saúde para a população. A gente vê as dificuldades enfrentadas pela saúde no Brasil, mas, em São Borja, podemos dizer que estamos em uma cidade bem privilegiada neste sentido.
Folha - Este é o seu primeiro mandato e já com uma votação consistente. Quando nasce a sua intenção de concorrer e ingressar na vida pública?
Sandra - Eu sempre gostei de política. Olhando para a política, é como se fosse um aluguel. A gente dorme, levanta, acorda com ela. Nunca pensei em concorrer, mas sempre participei e fiz campanha para os candidatos que eu gostava e acreditava que fariam um bom trabalho. Quem me enxergou como uma parlamentar foi o prefeito Eduardo Bonotto. Ele me chamou para o partido e quando vi já estava filiada. Ainda assim, eu relutava em concorrer. Por fim, acabei aceitando e coloquei o meu nome à disposição da população. Graças a Deus deu certo e hoje podemos trabalhar em prol da comunidade.
Folha - E a senhora esperava se eleger na primeira tentativa ou foi uma certa surpresa?
Sandra - Não foi surpresa. Eu me conheço. Sou uma pessoa muito dedicada para com aquilo que me proponho. Tenho determinação para ir atrás de todas as metas que coloco na minha vida. Então, quando coloquei meu nome à disposição, tinha 99% de certeza que eu me elegeria.
Folha - Geralmente quem está trabalhando não se surpreende. Mas, de certa forma, a senhora considera a sua eleição como uma resposta de aprovação ao seu trabalho na saúde
Sandra - Eu penso que quem me conhece e me procura, hoje, é melhor atendido, porque, agora, eu consigo trabalhar muito mais, na condição de vereadora pela saúde do que quando era técnica em enfermagem. A gente vai, busca recursos, faz as coisas e isso é muito gratificante. É gratificante poder ajudar, acolher a nossa comunidade. Ainda mais na saúde, que quando estamos doentes, ou temos algum familiar necessitado, ficamos bem sensíveis. Então é uma área que exige muita dedicação, muito carinho e, às vezes, basta uma palavra de conforto. É realmente gratificante.
Folha - A senhor diz que consegue trabalhar mais pela população. O que a senhora destacaria entre as demandas que chegam ao seu gabinete?
Sandra - Por exemplo, hoje é difícil consultas com especialistas. Tenho muitas amizades com muitos médicos. Às vezes, demora um mês ou dois para uma consulta. Quando vejo que é urgente ligo pra eles e eles sempre dão apoio. É essa uma questão.
Folha - Além da saúde tem alguma outra demanda recorrente?
Sandra - Como somos 15 vereadores, sempre digo, que seria bom se cada um de nós pegasse uma bandeira e trabalhasse em cima dela. É muito amplo. Mas chegam no meu gabinete com pedidos para arrumar uma rua. Tem uma leiteria no Cristo Redentor que era um sonho da comunidade. Corri atrás, junto ao deputado Afonso Hamm (Progressistas), consegui uma emenda. O dinheiro está liberado, devem começar a fazer. Isso vai gerar mais emprego para as pessoas do interior. Temos que dar apoio ao interior. Também temos que dar boas estradas, porque dependemos dos nossos agricultores.
Folha - Na sua chegada à Câmara de vereadores, a senhora identificou algo que de fora parecia mais fácil e dentro se mostrou mais difícil?
Sandra - Sempre quem está fora pensa que é uma coisa. Só vamos ter a noção exata quando entramos. Às vezes, as coisas não são como imaginávamos, nem como a gente gostaria que fosse.
Folha - Qual exemplo disso?
Sandra - Tem muitas coisas que não dependem apenas dos vereadores. Elas dependem da União, do Estado, do Município. Por isso, muitas vezes, ficamos de mãos atadas. Não depende só do Município. São muitas demandas. Às vezes, isso limita muito o nosso trabalho. E, se formos parar para pensar, toda a profissão tem os seus limitadores. Na Câmara não é diferente.
Folha - O que a senhora destacaria no sentido dos projetos já apresentados?
Sandra - Estou esperando uma liberação do deputado Afonso Hamm para trazer mais verbas para a saúde de São Borja. Pelo menos, estamos tentando de comprar mais um material para o Laboratório Fronteira para dar mais continuidade nos exames. Na verdade, o município, pela crise, sobrevive muito de emendas parlamenteares. O mesmo vale para a saúde e para os hospitais.
Folha - No gabinete. Além da saúde, o que pode ser destacado? Muitos vereadores apontam o desemprego, seria isso?
Sandra - O desemprego sempre existiu. O meu filho mais velho saiu de São Borja há mais de 10 anos, justamente, porque naquela época já não tinha emprego. Hoje, ele mora em Bento Gonçalves. O desemprego sempre existiu. Não é culpar da nossa Administração. Sempre houve esse problema. Em todo lugar. É geral e em todo o País.
Folha - A senhora é uma das vozes de defesa da atual Administração. É da base do governo e as votações têm ficado mais disputadas. Como a senhora avalia esses duelos entre oposição e situação?
Sandra - É como eu falo. Ano que vem já tem eleição. Eu não sei se é porque este é o meu primeiro mandato para trabalhar pela comunidade de São Borja, mas por mais que eu seja da situação, acredito que tínhamos que parar um pouco com essa história de direita e esquerda. Tínhamos que nos unir e esquecer as siglas partidárias. A sigla é necessária para a eleição, mas depois de eleito é preciso trabalhar em prol da comunidade. É isso que eu penso. Este é o meu método de trabalho. Não pensar em sigla. Tem que ser eleito para trabalhar pela comunidade.
Folha - Isso aparece, inclusive, nos seus votos. Uma delas foi quando a senhora votou favorável a uma audiência pública sobre a Unipampa...
Sandra - Eu tenho um método de trabalho. Só que muitas vezes temos que conversar. A educação é muito importante. Sem educação o país seria muito pior. Então eu votei a favor porque vi que era de grande importância. Isso independe do partido. Meus votos são bem conscientes.
Folha - Outro episódio foi com um projeto do vereador João Luiz Dornelles (Progressistas) que proibia a inauguração de obras inacabadas. A senhora chegou a prometer voto favorável e depois mudou. Como foi isso?
Sandra - Quando eu entrei na Câmara, pedi pro meu chefe de gabinete. Era um cara que tinha um conhecimento enorme da Câmara. E pedi que ele fizesse um projeto impedindo a inauguração de obras inacabadas. Só pode inaugurar se houver a possibilidade de entrar em funcionamento. A gente vê muitas obras, no Estado, no Brasil, que inauguram, tiram a foto, e nunca funcionam. De lá pra cá, em três meses o vereador João Luiz Dornelles entrou com esse projeto. Por isso que eu falo que é muito importante o vereador fazer os cursos de qualificação. Eu jamais vou querer prejudicar o prefeito. Independentemente de quem seja e de que partido seja. Fiz um curso e conversei com um professor. Ele me explicou que existem obras que são, de fato, feitas em etapas. Quando cheguei, falei para o vereador João Luiz Dornelles. Antes, eu achava que não tinha. Por isso é bom nos mantermos sempre atualizados. Pedi ao vereador para apresentar uma emenda ao projeto dele. Ele recusou e, foi por esta razão, que votei contra. Se ele tivesse autorizado eu votaria a favor.
Folha – O que mudou na vereadora que assumiu o mandato e a vereadora de hoje, já com essa bagagem de cursos?
Sandra - Hoje eu tenho um pouco mais de conhecimento. No primeiro mandato, depois da eleição, a gente entra na Câmara sem saber como funciona. Eu mesmo já fui secretária da Mesa Diretor e a cada dia, a cada minuto, vamos aprendendo mais. Ganhamos uma bagagem de conhecimento parlamentar. Ao longo deste mandato, acredito que contribui muito. Essa usina de leite, que já comentei, é um exemplo. Isso fora as emendas para a saúde. Os projetos, hoje em dia, tem que ter muito cuidado, porque não podemos gerar despesas para o município. São Borja não tem orçamento. Outro projeto, este em conjunto, com a mesa é para fazer uma seleção e contratar um interprete de Libras (Língua Brasileira de Sinais). Conversamos com o presidente sobre isso. Não se trata apenas da vereadora Sandra Marques. Acredito que temos que trabalhar em equipe.
Receba em seu e-mail as notÃcias da cidade, promoções e tudo sobre a programação da Rádio Cultura AM 1260