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Junior busca resolver problemas da cidade e do interior

Rafael Vigna Postado dia 26/06/2019

Junior busca resolver problemas da cidade e do interior

Por Luthero do Carmo e Rafael Vigna

Notícia da edição impressa da Folha de São Borja de Sábado, dia 22 de junho.

A série de entrevistas com os 15 vereadores do Programa Atualidades e da Folha de São Borja chega ao sétimo entrevistado. Djalma Pires Leal Junior (PDT) é vereador de primeiro mandato. Pertence à oposição e, depois de realizar um trabalho no setor de transportes da Secretaria Municipal da Saúde na Administração passada, obteve 921 votos em 2016, ou o equivalente a 2,52% do eleitorado são-borjense. O desempenho nas urnas garantiu a 5ª maior votação no pleito passado e a primeira entre os parlamentares da oposição. Na Câmara, ele se destaca na fiscalização de problemas da cidade e do interior do município. Em seu mandato, anda em média 600 km por semana atrás de informações e da resolução de problemas que chegam ao seu gabinete. Confira o que disse Junior na quarta-feira, dia 19.

Folha de São Borja - Essa votação expressiva, logo na sua primeira candidatura, foi uma surpresa? O senhor já havia feito um trabalho no setor de transportes da Secretaria de Saúde. Antes da eleição, entretanto, não se ouvia que o senhor tinha pretensões nesse sentido. Quando surgiu a decisão de se lançar candidato?

Djalma Pires Leal Junior - Na realidade, uma votação para vereador não é fácil. Foi uma surpresa, sim. Eu procurei, sempre, fazer o melhor trabalho possível com as pessoas que precisavam dos transportes da Secretaria da Saúde. Até porque quando se fala em doença é algo muito delicado e que necessita ser resolvido rapidamente. O convite veio do ex-prefeito Farelo Almeida (naquela época no PDT, hoje no PL). Eu tinha uma certa restrição e receio de largar um trabalho que estava sendo bem feito para concorrer. Eu nunca havia sido político. Sempre fui muito grato com relação ao ex-prefeito Farelo. Achei que seria o momento, mas sabia das dificuldades de uma campanha.

Folha - Depois de assumir a sua cadeira, o que o senhor encontrou de dificuldades no sentido de que – ao contrário do setor de transportes onde existia mais autonomia – na Câmara há uma série de trâmites que, muitas vezes, podem limitar as ações do parlamentar?

Junior - Na secretária eram três pessoas na hierarquia: o secretário, o diretor e o coordenador. Então, o acesso costumava ser mais fácil e existia até mesmo a facilidade de todos estarem dentro do mesmo partido ou coligação. A dificuldade, agora, é que existe um grande número de pessoas que nos procura para resolver problemas. Aí, na Câmara, muitas vezes, se esbarra na questão política. Aparecem as dificuldades de entendimento das pessoas, no que se refere a avaliar se o pedido é importante para toda a comunidade. A dificuldade de ter que fazer tudo por etapas, dependendo dos colegas e também do Poder Executivo que é onde as demandas podem, de fato, ser executadas. O importante é batalhar, insistir, porque só assim as coisas acabam acontecendo.

Folha - Na saúde, o seu trabalho era bastante específico. Neste contexto, chama a atenção que o seu trabalho de vereador acabou abrindo um leque para diversas áreas de atuação. O senhor tem atuado em várias frentes, com uma amplitude de temas. Como o senhor tem lidado com isso e quais são os seus principais projetos?

Junior - Na questão da saúde, além do setor de transportes, foi necessário conhecer toda a área de abrangência da saúde. É a mesma coisa na Câmara. Inicialmente, busca-se aprender sobre tudo um pouco. Continuo ainda muito focado na Secretaria da Saúde, porque posso dizer que amava aquele trabalho que eu realizei. Agora, o foco e o compromisso são maiores. Tenho ido muito ao interior do nosso município, pelo menos uma vez por semana. Busco informações para mediar as reivindicações que são, basicamente, estradas e saúde. Recentemente, aprovamos o projeto da rede ecológica. Uma das coisas é a preservação das árvores. Essas redes evitam a necessidade de derrubada de árvores em razão da rede elétrica. Além disso, é uma proteção para as pessoas e para os animais. Temos áreas na cidade bem críticas. Com o projeto, há prazo de dois anos para que a RGE faça a adaptação. A ideia é que em pontos como parques e praças a fiação seja substituída por outra que não transmite choques. Em São Borja, isso já existe próximo do Hospital Ivan Goulart (HIG). Há outros projetos. Um que valoriza as profissões antigas como a tosquia e outras atividades da vida do campo que com o passar dos anos estão deixando de existir. Temos a semana de prevenção da violência contra a mulher, que é realizada no mês de agosto. Neste ano, aprovamos oito projetos entre os 23 apresentados. Há ainda as indicações ao Poder Executivo Municipal, que são muito importantes. Uma delas era para adaptar as praças nas EMEIs (Escolas Municipais de Educação Infantil), que depois foi realizado com recursos da própria Câmara de Vereadores. Outra indicação é para uma pracinha na vila Doutor Iberê Teixeira. Naquela área do antigo quartel dos Bombeiros, indicamos uma EMEI ou um albergue para a região do bairro do Passo. Também onde era a creche no Ernesto Dornelles, indicamos que passasse a receber mais um restaurante popular. São várias indicações. Algumas começam a aparecer. Nosso foco é trabalho.

Folha - Quebrando um pouco o gelo, se o senhor ganhasse um real por km rodado ou por pedido de resolução, o senhor já estaria com a vida resolvida. Digo isso, porque chama muito a atenção a quantidade de pedidos de resoluções relacionados a diversos problemas de infraestrutura bastante específicos e identificados nas mais distintas regiões da cidade. Como o senhor consegue estar em todos esses lugares?

Junior - Em média são mais de 600 km rodados por semana. No interior, já fiz mais de 200 km num dia. Sai por Samburá, Mercedes, Sarandi, São Miguel e tem muita estrada para andar. Eu tinha certo conhecimento do Interior, mas não como agora. Todos os pedidos que me são feitos eu verifico in loco se de fato existem. Eu tenho esse cuidado de não levar adiante o que não é procedente. Isso justifica essa andança. É algo que nos acrescenta muito na condição de vereador. Precisamos estar sempre atentos a esses problemas da população. Há o problema das estradas, que é algo recorrente de várias administrações. Agora, o principal, e aí já entra um pouco a questão política, é que existem regiões abandonadas. É preciso fazer, mas fazer bem feito. Em muitos pontos, é preciso evitar que o problema volte a cada chuva, porque muitas vezes só é feita uma “lambida” por cima e dá-se por acabado o serviço nas estradas. Tem que colocar pessoas que conheçam, que façam uma sarjeta de escoamento e façam um trabalho de qualidade. Cada vereador tem o seu modo de atuação. Eu ando, caminho, principalmente, no Interior que é bastante abandonado.

Folha - Nessas andanças, quais os pontos do interior em que o senhor identifica os maiores problemas de desabastecimento de serviços públicos? E no perímetro urbano, onde estão, na sua avaliação, os maiores problemas?

Junior - A gente nota bastante que isso está relacionado à distância. Samburá e Mercedes são abandonados. Depois tem a Timbaúva, que se divide entre São Borja e Garruchos. Em Sarandi, a comunidade já é um pouco mais organizada e concentra mais serviços, mas ainda assim falta muita atenção. Para o lado do Ivaí, também é necessário atenção. Na cidade, eu vejo abandono no Passo. Vejo problemas na Vila Ernesto Dornelles, na Mário Roque Weis, na Arno Andres e em alguns pontos da vila Santa Rosa. São os locais mais críticos da nossa cidade. Nós temos o gabinete móvel. Procuramos conversar com as pessoas e pegar informações. Hoje, apesar dos empenhos, a secretaria de Assistência Social deixa a desejar. Falta moradia, cesta básica e estamos sendo castigados pela falta de empregos. Este é o grande problema. Precisamos nos unir para trazer empregos. Só assim São Borja pode evoluir. Estamos sempre focados em ajudar as pessoas no gabinete móvel. Estamos sempre junto ao povo, ouvindo as suas reivindicações. Assim é possível colher informações e crescer junto com a população. No caso do homem do campo, as comunidades não têm mais um apoio. Não sobrevivem as pequenas propriedades. Na agricultura, a soja está retirando o gado, tomando conta do arroz e essas famílias ficam sem condições de sobrevivência. As pessoas acabam migrando para a cidade.

Folha - Na terça-feira, foi instalada uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Câmara para averiguar a legalidade do empréstimo de uma máquina da prefeitura para uma empresa privada, segundo denúncias feitas pelo vereador Paulo Cesar Cardial (PDT). O senhor era o primeiro suplente, mas se retirou do plenário após a renúncia do titular e acabou deixando o seu correligionário Cardial sozinho em uma mesa formada apenas por vereadores governistas. Por que o senhor tomou essa atitude?

Junior - Na realidade, a CPI é uma questão complexa. Tem vários pontos a serem investigados. É algo sério e não podemos estar lá para brincar. Já participei da CPI do transporte coletivo. Eu estou no primeiro mandato e ainda não tenho muita experiência nesse assunto. Também me senti insatisfeito com uma colocação do vereador André Dubal (Progressistas), que quis dizer que o valor da máquina era mínimo e sem importância. Eu vejo que não interessa o valor. Todo patrimônio público tem importância. Poderia ser uma caixa de fósforos. O que é público pertence à população e ao município. Não é permitindo usar ou repassar, sem que haja um convênio firmado dentro da legalidade. Então, a primeira sessão foi direcionada de outra maneira. É lógico, isso afeta o governo e se está tentando proteger o diretor Mário Porto, que teria feito o empréstimo. No primeiro momento, foram escolhidos os nomes e depois se fariam as convocações. Mas as colocações do vereador André e do vereador Eugênio Dutra (Progressistas), tentando desfazer da criação da CPI, também me levaram a crer que o momento não era favorável. É preciso credibilidade e responsabilidade para atuar em uma CPI. Isso é fundamental no processo de investigação deste caso. É uma coisa séria, que envolve departamentos do Poder Executivo e o zelo pela coisa pública. O Vereador Cardial está correto em investigar, pois ele recebeu as denúncias e presenciou os fatos. Nós fomos convidados a participar pelo partido e aceitamos participar. Concordei com o vereador Carmelito Lunardine do Amaral (PT), que queria convocar o diretor Mário Porto e o representante da empresa. Como ele não conseguiu isso, acabou renunciando. Já que a CPI encontra este tipo de barreiras, logo no início dos trabalhos, também me senti insatisfeito. É uma pena. A apuração dos fatos deveria ser melhor planejada. Me retirei em protesto pela maneira como isso iniciou.

 

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